sábado, 29 de setembro de 2007

EMBRAER RETRATO DE UM GIGANTE


Asas Guerreiras: um novo vetor de crescimento

Até o ano 2000, os programas militares da Embraer atingiam pouco menos de 10% do faturamento global do grupo. A meta para 2010 é chegar ao patamar de 35% das vendas. São númeors ambiciosos, mas a Embraer conta com grande trunfos no setor de defesa. Os mais importantes são os seguintes.

EMB-312H: o Super Tucano

Ao decidir desenvolver o Super Tucano, a Embraer tinha em mente oferecer às forças aéreas do mundo um avião muito superior ao Tucano padrão ou de qualquer outro modelo existente no mercado, que nãso apenas servisse para treinamento avançado como também para outras missões tais como treinamento de tiro de precisão, reboque de alvos, etc. Acima de tudo, porém, ela estava interessada na milionária concorrência, estimada em US$ 4 bilhões, através do qual os Estados Unidos pretendiam escolher um novo treinador para a Força Aérea e a Marinha.

Essa concorrência, denominada JPATS - Joint Primary Aircraft Training System (Sistema Integrado de Aeronave de Treinamento Primário), resultaria numa venda de algo entre 600 e 800 aviões, além dos pacotes de treinamento em solo e de apoio logístico. Era necessário por exigência da legislação loca, um parceiro americano. Em decorrência disso, a Embraer fechou parceria com a Northrop Aircraft Corp., empresa com a qual já havia trabalhado no começo dos anos 70.

Um acordo preliminar entre as duas empresas foi formalizado em maio de 1992 e em junho do mesmo ano um protótipo foi avaliado por vários oficiais da Força Aérea e da Marinha. Os militares tiveram em suas mãos uma aeronave que utiliza a mesma estrutura do Shorts Tucano, equipada com motores Pratt & Whitney Canadá PT6A-67R de 1.600 SHP, provido de hélice pentapá da Hartzell, com fuselagem alongada em 1,42m, assentos ejetáveis do tipo zero-zero (utilizáveis no solo), freio aerodinâmico ventral, sistema de geração de oxigênio de bordo e ponto único de reabastecimento sob pressão. Infelizmente o consórcio Beech Pilatus com seu PC-9 venceu a disputa.

O Super Tucano serviu de base para uma versão armada para a Força Aérea Brasileira, o ALX. A FAB já fez um pedido de 76 aviões desse tipo, que integrarão o Programa Sivam, e tem outras 23 opções de compra.

Novas plataformas: Alerta Antecipado e Sensoriamento Remoto

Utilizando por base o modelo 145, a Embraer desenvolveu o EMB-145 AEW&C, uma aeronave de Alerta Aéreo Antecipado e Controle. Com o menor custo na categoria, aeronaves já foram vendidas ao México, Grécia e para própria FAB, que os colocou em serviço na cobertura do SIVAM.

Igualmente baseado na plataforma do 145, o EMB 145 RS/AGS é uma aeronave capaz de fornecer imagens e informações eletrônicas sobre objetivos no solo em tempo real e próximo a tempo real. Ele vem equipado com uma variada gama de sensores complexos, que inclui um radar de abertura sintética (SAR) de alta performance, sensores eletroópticos e multiespectrais, e sistemas de comunicação e inteligência eletrônica. É capaz de atingir as áreas e altitudes de operação em muito pouco tempo.

Prestando serviços

A Embraer sempre esteve envolvida em atividades de cooperação, subcontratos e prestação de serviços desde seus primórdios. Nos últimos anos a Embraer tem procurado expandir a venda de serviços, colocando a disposição das empresas do setor, bem como as que não atuam no ramo aeronáutico, a sua tecnologia de ponta e sofisticados laboratórios e meio de produção.

Contratos importantes foram assinados. O primeiro, com a McDonnell Douglas em junho de 1987, no valor de US$120 milhões, para a fabricação de 200 conjuntos de flaps externos, com opção de compra para mais de 100, para o MD-11. Através de outro programa, firmado com a Boeing em 1990, a Embraer produziu suportes usinados para os flaps dos jatos 747 e 767. Este mesmo fabricante assinou novo contrato, em dezembro de 1991, para a produção de carenagens da deriva e das pontas da asa do Boeing 777.

Embraer no exterior

O mercado internacional determinou a criação de subsidiárias no exterior: a primeira foi a Embraer Aircraft Corp. (EAC). Fundada em 1979, esta subsidiária comercializa e dá suporte pós-venda aos produtos Embraer na América do Norte. A cidade de Fort Lauderdale, na Flórida, é o local onde está instalada a EAC, que conta com mais de 8 mil metros quadrados de área construída e uma equipe de mais de 200 empregados.

Em 1981, surgiu a EAI, que cuida dos interesse da empresa na Europa, Oriente Médio e África. Em 2002, as atividades de comercialização dos produtos Embraer na Europa foram transferidas das instalações do aeroporto de Le Bourget para um novo escritório. Em Le Bourget, continuam as atividades de apoio técnico aos operadores nas regiões citadas.

Em 1997, outra expansão: a cidade de Melbourne passa a abrigar uma unidade que atua no suporte pós-venda para produtos Embraer. Em 2000, Beijing e Cingapura ganham escritórios semelhantes. E em 2001, surge a EAMS, Embraer Aircraft Maintenance Services, centro especializado em MRO baseado em Nashville, Tennessee.

GPX: a Embraer do futuro

O dia 11 de junho de 2002 entrou na história da Embraer. Foi nesta data que a empresa inaugurou oficialmente a unidade de Gavião Peixoto, cidade que fica a 300km de São Paulo, próxima a Araraquara.

As instalações impressionam: trata-se da maior pista do hemisfério sul, (5.000m) e localizada em meio à laranjais. O tamanho da área é 30 vezes maior do que as instalações da empresa em São José dos Campos: nada menos que 1.750 hectares.

Finalmente, as aeronaves executivas Legacy também serão finalizadas num Completion Center em Gavião Peixoto, embora as entregas continuem em São José dos Campos. O complexo de Gavião Peixoto deverá receber investimentos que totalizarão US$ 150 milhões até 2005, e abrigar, decorridos 10 anos do início de suas operações, uma força de trabalho de 3.000 empregados. A área industrial que, uma vez completada em 2007, deverá ocupar 3,0 milhões dos 17,5 milhões de metros quadrados da área total do terreno.

A construção do complexo deu-se em ritmo acelerado: menos de dois anos após a assinatura de Protocolo de Entendimento com o Governo do Estado de São Paulo (em 29 de junho de 2000) e menos de um ano e meio após o lançamento da pedra fundamental do novo empreendimento, em 21 de dezembro de 2000, a Embraer inaugurou oficialmente mais este complexo industrial, embora já usasse a pista para ensaios de vôo desde outubro de 2001.

No novo complexo de GPX (código de 3 letras escolhido pela Embraer para designar o complexo) serão montados os modelos militares: EMB-145 AEW&C, EMB-145 RS/AGS, EMB-145 MP/ASW, o AMX-T, a aeronave Super Tucano ALX e, caso vença a concorrência, os Mirage 2000BR. Outra atividade será o trabalho de modernização dos caças F-5 da FAB.

Com quase 6.000 aviões produzidos em 35 anos de atividade, voando em mais de 80 países, 35 Forças Aéreas e empregando mais de 12.000 colaboradores, a Embraer é a quarta maior fabricante de aeronaves do mundo, com encomendas que chegam a 12 bilhões de dólares. Vários analistas do setor acreditam que antes da década acabar, a Embraer será a terceira colocada neste ranking, perdendo apenas para a Airbus e para a Boeing.

Quem diria que, naquela manhã de 22 de outubro de 1968, aquele valente protótipo do Bandeirante, que decolava pela primeira vez, abria as asas de uma empresa que seria motivo de orgulho para todos os que amam a aviação? Parabéns, Embraer, por seus 35 anos. Pela amostra, os próximos 35 anos prometem muito mais.

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